Tag: PBE

  • Desfechos em psicoterapia

    Desfechos em psicoterapia

    Uma das críticas à prática baseada em evidências (PBE) é o fato dos desfechos clínicos darem uma ênfase forte em remissão sintomática como desfecho do processo, sendo que este não é o único objetivo (e muitas vezes não é o principal) de múltiplas abordagens terapêuticas.

    Remissão sintomática invariavelmente ocupa um lugar central por ser uma formalização da queixa do cliente. O cliente procura a psicoterapia para lidar com o sofrimento, e o sintoma é apenas uma das formas de se olhar para o sofrimento: uma forma que nomeia, classifica, descreve e quantifica o que está errado.

    Muitas abordagens têm por objetivo a instrumentalização do cliente com estratégias de enfrentamento, habilidades (como autogestão, comunicação, regulação, atitudes de autoavaliação saudáveis) e conhecimento (como uma narrativa pessoal acurada e visão realista de limitações e possibilidades atuais). Uma medida de desfecho clínico que considere apenas a dimensão sintomática (melhora clínica) não implica que necessariamente esses objetivos “positivos” foram alcançados.

    Mas a recíproca também é verdadeira: atingir os objetivos “positivos” em termos de desenvolvimento pessoal não significa remissão de sintoma. Portanto, cabe considerar ambos os processos como desfechos possíveis de um processo de psicoterapia: idealmente o paciente desenvolveu habilidades e teve sua melhora clínica (idealmente, essas coisas acontecem de forma articulada).