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  • Equifinalidade na psicologia do desenvolvimento

    Equifinalidade na psicologia do desenvolvimento

    Equifinalidade é a ideia de que processos desenvolvimentais distintos podem levar a um mesmo desfecho. Por exemplo, muitas coisas diferentes podem dar errado no desenvolvimento neurológico de uma criança e gerar dificuldades de comunicação similares, que receberão um mesmo diagnóstico (p.ex. autismo).

    Como o diagnóstico em transtornos mentais é sindrômico (baseado em um conjunto de apresentações clínicas estatisticamente correlacionadas) e não etiológico (baseado em uma causa específica), uma determinada categoria diagnóstica de transtorno do neurodesenvolvimento, como autismo ou TDAH, por exemplo, podem ser resultantes de processos desenvolvimentais distintos.

    Um diagnóstico sindrômico têm múltiplas funções: economia conceitual (usar um nome para se referir a um conjunto de sintomas estatisticamente correlacionados), facilidade de comunicação, ou terapêutica comum baseada em sintoma (uma intervenção em saúde mental é comumente baseada na apresentação clínica, e não na causa subjacente). Mas o diagnóstico sindrômico não pode ser equiparado a uma “causa”, justamente porquê nada nesses diagnósticos garantem que eles possuem causa comum. Ainda que condições como TDAH e autismo sejam altamente herdáveis, elas podem resultar de inúmeras combinações genotípicas.

    Elementos que se correlacionam, como os sintomas de uma síndrome, frequentemente estão causalmente associados. Ou um causa o outro, ou ambos possuem uma causa comum. Apesar de relações causais não poderem ser deduzidas de associações, é comum usar um diagnóstico sindrômico como TDAH ou autismo como causa de um comportamento: “dificuldade de empatia é por conta do autismo” ou “dificuldade em matemática é por conta do TDAH”. Mas tais diagnósticos não podem ocupar lugar de causa: eles são conjuntos de sintomas, cuja causa é frequentemente desconhecida.

    Referências

    Cicchetti, D., & Rogosch, F. A. (1996). Equifinality and multifinality in developmental psychopathology. Development and psychopathology, 8(4), 597-600.